Embolização de aneurismas cerebrais com stent redirecionador de fluxo

O que é um stent?

O stent é uma estrutura em formato de tubo, mas com as paredes feitas de uma malha de metal, em um formato semelhante à uma tela. Os stents são maleáveis e conseguem reduzir de tamanho o suficiente para se acomodarem dentro dos pequenos cateteres usados pelo neurointervencionista.

Como os stents são usados no tratamento de aneurismas cerebrais?

Os stents metálicos têm diversos usos na Radiologia Intervencionista. Podem ser usados em conjunto com as molas, na técnica de remodelagem com stent (clique aqui para ver em detalhes) ou também sozinhos, ajudando a artéria doente a se reconstruir de maneira a não permitir a passagem do sangue para o interior dos aneurismas, como é feito com os stents redirecionadores de fluxo.

 

Qual a diferença entre os stents redirecionadores de fluxo e os stents “comuns”?

De maneira geral, a grande diferença entre os dois é que a malha das paredes dos stents redirecionadores de fluxo é mais fechada/densa que os stents comuns, como pode ser visto na imagem abaixo:

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Como o stent redirecionador de fluxo trata o aneurisma?

O médico intervencionista realiza o cateterismo para posicionar o stent no interior da artéria, na região onde está o aneurisma. Quando o stent sai do cateter, por ter “memória” ele volta ao seu tamanho normal, ficando posicionado em contato com as paredes internas da artéria. A partir desse momento, o stent passa a funcionar como uma espécie de “túnel”. Isso significa que o sangue vai passar preferencialmente pelo interior do stent e vai passar lentamente no interior do aneurisma.

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Com o passar dos dias, esse sangue que corre lento no interior do aneurisma começa a coagular progressivamente, até que após certo tempo ele se feche por completo. Além desse efeito, com o passar dos meses o nosso corpo começa a produzir uma nova camada do tecido natural de revestimento da parte interna das artérias, chamado de endotélio. Esse endotélio muitas vezes recobre todo o stent, inclusive no local onde está o aneurisma, “selando” a entrada e curando de maneira definitiva o aneurisma. Esse processo ocorre ao longo de semanas a meses. Pode ser necessário o uso de mola junto dos stents em alguns tipos de aneurismas selecionados.

 

Como saber se vai ser usado esse stent?

Cada paciente é avaliado individualmente para definir qual estratégia de tratamento endovascular vai ser adotada. O médico neurointervencionista dispõem de diferentes ferramentas podem ser usadas no tratamento dos aneurismas cerebrais. De maneira geral, os stents diversores de fluxo têm muita utilidade no tratamento dos aneurismas chamados de “colo largo”, nos aneurismas considerados “gigantes” e naqueles muito pequenos e “rasos”, nos quais é difícil aplicar os outros métodos de tratamento, chamados de “blisters”.

 

Qual cuidado tem que ter quem usou?

Os stents são feitos de ligas metálicas. Por isso, a presença do stent no interior do vaso sanguíneo pode levar à formação de coágulos de sangue ao seu redor. Para evitar que isso ocorra, os pacientes devem fazer uso de medicações que atuam em uma das vias de coagulação do sangue: as plaquetas. Os remédios que têm essa função são chamados antiagregantes plaquetários. Fazem parte dessa família medicações como: AAS, Clopidogrel, Prasugrel entre outras. Sempre frisamos nas consultas de acompanhamento a importância do uso correto dessas medicações.

 

Tem contraindicação para realizar Ressonância Magnética no futuro?

Os materiais dos quais são feitos os stents são totalmente compatíveis e não causam risco para realização do exame de Ressonância Magnética. É importante indicar no questionário feito antes do exame que você possui um stent, para o técnico que realizar consiga fazer ajustes no aparelho e nas imagens do exame.

Referência:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31288675/

Escrito por:

Dr. Daniel Giansante Abud
CRM/SP 94.196 - RQE 41.802/41.802-1/75.310
Neurorradiologista intervencionista, livre-docente da FMRP-USP e ex-presidente da SOBRICE.

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