Qual a relação entre a artéria carótida e o AVC?
As artérias carótidas são vasos sanguíneos localizados no pescoço, responsáveis por levar o sangue do coração até o cérebro. Como os neurônios necessitam de um suprimento contínuo de oxigênio e nutrientes, qualquer problema que comprometa o fluxo sanguíneo nessas artérias pode afetar gravemente o funcionamento cerebral. Quando isso acontece, pode ocorrer um AVC isquêmico, condição na qual os neurônios param de funcionar e morrem devido à falta de circulação adequada.
Quais doenças das artérias carótidas podem causar AVC?
Aterosclerose – formação de placas de gordura e colesterol que estreitam ou obstruem a artéria.
Dissecção arterial – rompimento da camada interna da artéria, favorecendo a formação de coágulos.
Danos por radioterapia ou tumores – alterações estruturais nas artérias devido a tratamentos ou crescimento tumoral.
Qual a principal causa?
A aterosclerose, conhecida popularmente como "placa de colesterol", é a alteração mais comum da artéria carótida. Essas placas podem reduzir o fluxo sanguíneo ou gerar coágulos que se deslocam e bloqueiam a circulação cerebral. Estima-se que cerca de 25% dos AVCs isquêmicos sejam causados por placas na carótida.
O desenvolvimento da aterosclerose está associado a fatores genéticos e ao envelhecimento, mas também pode ser acelerado por hábitos de vida pouco saudáveis, como:
Tabagismo
Pressão alta (hipertensão arterial)
Diabetes
Colesterol elevado
Sedentarismo
Dieta rica em carboidratos e gorduras ruins
E a dissecção da carótida?
A dissecção da artéria carótida é uma das principais causas de AVC em pessoas com menos de 50 anos. Ela ocorre quando há um pequeno rompimento na parede interna da artéria, favorecendo a formação de coágulos que podem interromper o fluxo sanguíneo para o cérebro. Em alguns casos, a dissecção pode formar um pseudoaneurisma, uma dilatação anormal do vaso.
As dissecções podem ser desencadeadas por:
Crises de hipertensão arterial
Esforços físicos intensos
Movimentos bruscos da cabeça e do pescoço
Traumas ou acidentes
Entretanto, muitas vezes ocorrem sem causa aparente, podendo estar relacionadas a doenças genéticas que afetam a estrutura do colágeno ou a displasias da artéria carótida.
Como prevenir a formação de placas na carótida?
A melhor estratégia para prevenir placas na carótida é o controle dos fatores de risco. Isso inclui:
Parar de fumar
Controlar a pressão arterial e o colesterol
Manter o diabetes sob controle
Praticar atividade física regularmente
Adotar uma alimentação equilibrada
Embora não possamos modificar fatores como idade ou predisposição genética, um estilo de vida saudável pode reduzir significativamente o risco de desenvolver placas.
Qual é o tratamento para placas na carótida?
O tratamento tem como principal objetivo prevenir AVCs futuros e pode envolver:
Mudanças no estilo de vida – como citadas acima.
Uso de medicamentos – aspirina (AAS) para evitar coágulos e estatinas para reduzir e estabilizar as placas de colesterol.
Procedimentos de revascularização – recomendados em casos de placas avançadas, quando a medicação isolada pode não garantir a prevenção de um AVC. Entre as opções estão a endarterectomia carotídea (remoção da placa por cirurgia) e a angioplastia com stent (colocação de um dispositivo para manter a artéria aberta).
Angioplastia ou Endarterectomia, qual é a melhor opção? Se realizados por médicos com alto volume de procedimentos ambas as técnicas são seguras e eficazes. Porém a angioplastia traz algumas vantagens como ser minimamente invasiva (utilizando cateterismo), tempo de tratamento rápido (entre 15-30 minutos), internação mais rápida (24 a 48 horas), menor risco de infecção, menor risco de rouquidão, permite tratar imediatamente a complicação tromboembólica.
Quais as complicações mais temidas da revascularização carotídea? A mais temida é o AVC hemorrágico, em seguida vem a tromboembolia que pode causar AVC isquêmico com sequelas e por último a síndrome de hiperperfusão.
Qual a taxa destas complicações? A literatura dos anos 200-2013 mostrou taxas de complicações de cerca de 5%. Porém a literatura atual de 2014 a 2024 esta taxa caiu para cerca de 2 a 2,5%.
Preciso fazer exames nas artérias carótidas?
Sim, caso tenha fatores de risco ou sintomas!
Quem já teve AVC ou AIT (Acidente Isquêmico Transitório) deve realizar exames de imagem, como Doppler das carótidas, angiotomografia ou angiorressonância.
Quem nunca teve sintomas, mas possui fatores de risco, pode precisar de exames preventivos, especialmente se houver histórico familiar ou idade avançada.
A decisão sobre a necessidade dos exames deve ser feita pelo médico, considerando o perfil de cada paciente.
Escrito por:
Dr. Luis Henrique Castro Afonso
CRM/SP 121.961 - RQE 30.564 / 30.564-1