Qual a relação entre a artéria carótida e o AVC?

As artérias carótidas são vasos sanguíneos localizados no pescoço, responsáveis por levar o sangue do coração até o cérebro. Como os neurônios necessitam de um suprimento contínuo de oxigênio e nutrientes, qualquer problema que comprometa o fluxo sanguíneo nessas artérias pode afetar gravemente o funcionamento cerebral. Quando isso acontece, pode ocorrer um AVC isquêmico, condição na qual os neurônios param de funcionar e morrem devido à falta de circulação adequada.

Quais doenças das artérias carótidas podem causar AVC?

  1. Aterosclerose – formação de placas de gordura e colesterol que estreitam ou obstruem a artéria.

  2. Dissecção arterial – rompimento da camada interna da artéria, favorecendo a formação de coágulos.

  3. Danos por radioterapia ou tumores – alterações estruturais nas artérias devido a tratamentos ou crescimento tumoral.

Qual a principal causa?

A aterosclerose, conhecida popularmente como "placa de colesterol", é a alteração mais comum da artéria carótida. Essas placas podem reduzir o fluxo sanguíneo ou gerar coágulos que se deslocam e bloqueiam a circulação cerebral. Estima-se que cerca de 25% dos AVCs isquêmicos sejam causados por placas na carótida.

O desenvolvimento da aterosclerose está associado a fatores genéticos e ao envelhecimento, mas também pode ser acelerado por hábitos de vida pouco saudáveis, como:

  • Tabagismo

  • Pressão alta (hipertensão arterial)

  • Diabetes

  • Colesterol elevado

  • Sedentarismo

  • Dieta rica em carboidratos e gorduras ruins

E a dissecção da carótida?

A dissecção da artéria carótida é uma das principais causas de AVC em pessoas com menos de 50 anos. Ela ocorre quando há um pequeno rompimento na parede interna da artéria, favorecendo a formação de coágulos que podem interromper o fluxo sanguíneo para o cérebro. Em alguns casos, a dissecção pode formar um pseudoaneurisma, uma dilatação anormal do vaso.

As dissecções podem ser desencadeadas por:

  • Crises de hipertensão arterial

  • Esforços físicos intensos

  • Movimentos bruscos da cabeça e do pescoço

  • Traumas ou acidentes

Entretanto, muitas vezes ocorrem sem causa aparente, podendo estar relacionadas a doenças genéticas que afetam a estrutura do colágeno ou a displasias da artéria carótida.

Como prevenir a formação de placas na carótida?

A melhor estratégia para prevenir placas na carótida é o controle dos fatores de risco. Isso inclui:

  • Parar de fumar

  • Controlar a pressão arterial e o colesterol

  • Manter o diabetes sob controle

  • Praticar atividade física regularmente

  • Adotar uma alimentação equilibrada

Embora não possamos modificar fatores como idade ou predisposição genética, um estilo de vida saudável pode reduzir significativamente o risco de desenvolver placas.

Qual é o tratamento para placas na carótida?

O tratamento tem como principal objetivo prevenir AVCs futuros e pode envolver:

  • Mudanças no estilo de vida – como citadas acima.

  • Uso de medicamentos – aspirina (AAS) para evitar coágulos e estatinas para reduzir e estabilizar as placas de colesterol.

  • Procedimentos de revascularização – recomendados em casos de placas avançadas, quando a medicação isolada pode não garantir a prevenção de um AVC. Entre as opções estão a endarterectomia carotídea (remoção da placa por cirurgia) e a angioplastia com stent (colocação de um dispositivo para manter a artéria aberta).

  • Angioplastia ou Endarterectomia, qual é a melhor opção? Se realizados por médicos com alto volume de procedimentos ambas as técnicas são seguras e eficazes. Porém a angioplastia traz algumas vantagens como ser minimamente invasiva (utilizando cateterismo), tempo de tratamento rápido (entre 15-30 minutos), internação mais rápida (24 a 48 horas), menor risco de infecção, menor risco de rouquidão, permite tratar imediatamente a complicação tromboembólica.

  • Quais as complicações mais temidas da revascularização carotídea? A mais temida é o AVC hemorrágico, em seguida vem a tromboembolia que pode causar AVC isquêmico com sequelas e por último a síndrome de hiperperfusão.

  • Qual a taxa destas complicações? A literatura dos anos 200-2013 mostrou taxas de complicações de cerca de 5%. Porém a literatura atual de 2014 a 2024 esta taxa caiu para cerca de 2 a 2,5%.

Preciso fazer exames nas artérias carótidas?

Sim, caso tenha fatores de risco ou sintomas!

  • Quem já teve AVC ou AIT (Acidente Isquêmico Transitório) deve realizar exames de imagem, como Doppler das carótidas, angiotomografia ou angiorressonância.

  • Quem nunca teve sintomas, mas possui fatores de risco, pode precisar de exames preventivos, especialmente se houver histórico familiar ou idade avançada.

A decisão sobre a necessidade dos exames deve ser feita pelo médico, considerando o perfil de cada paciente.

Escrito por:

Dr. Luis Henrique Castro Afonso
CRM/SP 121.961 - RQE 30.564 / 30.564-1 

           

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