Reversão do prejuízo à visão pela estenose do seio dural
A neurorradiologia intervencionista tem se consolidado como uma área fundamental na abordagem de doenças cerebrovasculares, incluindo condições que comprometem a visão. Um dos avanços mais relevantes nessa área é a utilização de stents no seio venoso para tratar a hipertensão intracraniana idiopática (HII), uma doença que pode resultar em perda visual progressiva.
A relação entre estenose do seio dural e a perda visual
A HII é uma condição caracterizada pelo aumento da pressão intracraniana sem causa aparente, frequentemente associada à estenose dos seios venosos laterais. Pacientes afetados podem apresentar cefaleia, zumbido pulsátil e, mais gravemente, papiledema, um inchaço do nervo óptico que pode levar à perda irreversível da visão. Estudos indicam que cerca de 25% dos pacientes com HII têm defeitos permanentes no campo visual.
A descoberta da relação entre a estenose do seio venoso e a HII levou ao desenvolvimento de abordagens terapêuticas inovadoras, entre elas, a colocação de stents para restaurar o fluxo venoso e reduzir a pressão intracraniana.
O papel do stent no seio venoso
O tratamento convencional da HII inclui medicamentos como a acetazolamida e a redução de peso, mas, quando essas medidas falham, opções cirúrgicas podem ser necessárias. Entre elas, a derivação liquórica e a fenestração da bainha do nervo óptico apresentam limitações e potenciais complicações.
O stent no seio venoso surge como uma alternativa minimamente invasiva e eficaz. O procedimento consiste na introdução de um stent por via endovascular, aliviando a obstrução e permitindo uma drenagem venosa adequada. Esse método tem demonstrado melhorias significativas na pressão intracraniana, no papiledema e nos sintomas visuais.
Evidências clínicas e resultados frente aos principais sintomas
Os resultados indicam que o stent pode reverter significativamente os danos visuais causados pelo papiledema, restaurando a qualidade de vida dos pacientes.
Estudos indicam números altamente positivos em relação a reversão de outros sintomas causados pela estenose do seio dural na casa de:
93% de sucesso para resolução da diplopia
79,6% para resolução dos obscurecimentos visuais transitórios.
76,2% para melhora de sintomas visuais inespecíficos
84,7% para melhora do zumbido pulsátil
Considerações Finais
A colocação de stent no seio venoso representa um avanço significativo no tratamento da HII, especialmente para pacientes com perda visual progressiva. Por conta de sua abordagem minimamente invasiva, destaca-se como opção viável e segura, que merece sempre ser considerada pelo especialista que acompanha o caso.
Com os avanços em neurorradiologia intervencionista, a reversão dos prejuízos visuais causados pela estenose do seio dural se torna uma realidade concreta, permitindo que mais pacientes preservem sua visão e sua qualidade de vida.
Escrito por:
Neurorradiologista Intervencionista - Radiologista Intervencionista
CRM/SP 94.196 - RQE 41.802/41.802-1/75.310

